quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

beijo de amante

beija-me, como d'antes
onde se beijam os amantes
como se beijam os amantes
entrega-te por um instante
num beijo
quente, doce, arrebatante
desejo em forma de beijo
é o beijo que desejo
teu beijo de amante

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

miragem

procuro-te...
uso tod'avidez que encontro
chego fora de tempo
recrio-me
reinvento
formas de manter meu tento
em doce conjugação.
desentendo tanto não.

domingo, 25 de dezembro de 2011

presente do Natal

não estejas triste
meu natal de dezembro
guarda tudo o que lembro
guarda o dia de hoje
e oferece-mo
sorrindo
meu presente,
num embrulho lindo
da mão do Pai Natal

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tempo gourmet

Mudei-me!
Saí do casulo e afasto o passado como uma concha onde já não caibo, não porque tenha crescido, mas porque me modifiquei na forma e na essência.
Mudei-me sem lugar nem tempo. Mudei-me por dentro. Vejo e desejo diferente, toco, rio e sinto com o peito. O interessante desfez-se e o desconhecido ganhou.
Tacteio a vida mantendo-a presente, no presente, e relativizo futuros e pretéritos. Minha escala de tempo descontinuou-se e o relógio tornou-se supérfulo. O tempo ganhou sabor e trato-o como iguaria gourmet.
Mudei-me e ainda não aprendi a descrever-me, falta-me métrica, sintaxe e vocabulário. Por isso me sirvo de metáforas que desvendarei no meu tempo em forma de gourmet.

domingo, 4 de dezembro de 2011

depois

depois,
fecho os olhos.
na luz minguada do quarto
vejo teu olhar reduzido
no prazer remanescente.
tacteio-te numa carícia
envolvo teu corpo,
quente.
falamos em silêncio,
concentrarmo-nos
em nós
porque sem entender porquê
sabemos que pensamos um no outro

terça-feira, 29 de novembro de 2011

sms

Sabes que tem de bom este dia?
A tua presença. Ainda que não estejas no meu colo sinto-te comigo e entrego um beijo terno a esse sentir.

tédio

dói-me aquele lado,
desconfortável.
escrevo folhas internimáveis
palavras loucas, desalinhadas
perdidas e desencontradas
sem mensagem, sem texto
saem palavras,
expressão do desconforto
que não se entende
a vida o gerou
a vida não o compreende.
o tédio se instalou.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

penso em ti

amote, amando-te
encanto-me em silêncio,
sem falar.

mãe

quantas vezes me despedi de si. tantas que perdi o tino e não me sinto preparado para trocar mais um olhar de despedida.
por isso, agora, preciso de um abraço, do seu abraço com toque de colo e um murmúrio sereno que me acalma, fazendo-me sentir que tudo está bem.
aconchega-me a alma, encosto a cabeça e adormeço reconfortado.

sábado, 26 de novembro de 2011

pai

parabéns pelo aniversário, pelo desejo de viver e pelo respeito pela vida.
obrigado pelo sorriso que nos fez, pela satisfação de nos ver e pela alegria de estar connosco.
soube bem relevar as limitações e as dificuldades para lugares menos acessíveis da memória e disfrutar do dia de hoje.
lentamente, ficámos intimos; seu desejo concretizou-se.
aproveitamos cada bocado, assentámos rotinas para partilhar afectos e, lenta e discretamente, saboreamos a última oportunidade de darmos um abraço, um beijo e um carinho.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

sms's

Ele
Bom dia, espera-te um dia feliz e eu, feliz, espero-te, neste dia.

Ela
E passo o meu dia contigo no coração. AmoTe.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

pensamento 7

minha vida tresanda a algo que não sei. não sei se desconheço o cheiro ou se já me foi familiar. sei que tresanda, o que significa que não gosto, que me agonia, que odeio. concluindo, tenho um lado da minha vida que não gosto e não sei identificar qual, nem a razão deste não gostar.

assim se define a infelicidade.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

eterno momento

um dia zanguei-me
orgulho ofendido
amor frustrado
dorido pela mingua de carinho.
a vergonha nasceu
de mim, por mim, para mim
não distingui e ofendi-me
zanguei-me
num eterno momento.

meio cento de meiguices

exploro mundos desconhecidos, eventualmente proibidos. descobri solarengas brisas de um morno refrescante que me renovam na perspectiva e me rejuvenescem no pensamento. meu viver encontra sentido e a vontade perdida aproxima-se num desejo de vida e numa memória do futuro. reconheço-me lentamente no existir. reconheço-me na satisfação com que olho o dia e o passar lento das semanas. abraço o tempo e acaricio-o  pelo amor que lhe sinto e pelo bem-estar que me oferece, sem saudade. descomprometo-me e encontro o há-de vir, sem pressas, moldado pelo sabor do agora e afinado pelo sentido do desejo.

sinto uma mão entrelaçada na minha, apertando num doer confortável; desejo intrínseco de partilhar todas as dimensões da minha existência num murmúrio carinhoso e ternurento, abençoado no prazer de dar. amor sentido que havia esquecido, talvez desvanecido, esfumado este bom sentir enamorado.

meio cento de meiguices me tocam, humedecem-me o olhar e secam-me a garganta ao ver os que se sentam à mesa comigo oferecerem-me o lado doce da minha vida.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

saudade

amote,
tenho saudades tuas
e dos teus beijinhos,
dos teus abraços
e dos nossos colinhos,
tenho saudades do teu sabor,
do teu olhar,
do teu sorrir
e do teu amor.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

pensamento 5

organizo-me para a solidão, encaixado num canto do mundo, despojado de tudo, excepto do meu orgulho. deixarei tudo para trás, quedar-me-ei apaixonado nas memórias, odiando cada agora, enquanto desprezo o futuro. envelhecerei apaixonado sem alma para amar.
morrerei de desejo de acabar, só para sair deste canto onde me sinto vestido de orelhas de burro.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

pensamento 4

amote, princesa minha do reino do amor.

nós

amote,
por mais dias que passem
não envelhece
este amor antigo
que te dedico
pelo destino
de ser feliz,
amando-te.
nasce-me
a luz dos teus olhos
que me sorriem
sem que eu mereça,
encanto-me
por se perderem nos meus
e assim ficarmos,
sem falar,
fazendo juras de amor.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

pensamento 3

A cobardia, mais tarde ou mais cedo, faz-nos cair no lado hediondo da vida. A coragem de dizer não e de dizer sim é que nos faz encontrar a felicidade, nem que seja de miragem.


domingo, 28 de agosto de 2011

meu mundo risonho

gosto de ti
a vida ensinou-me
por ti
a ser melhor
amando-te.
fizeste-me bom
assim,
apaixonado
sentindo em ti... por ti
um mundo risonho.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

teu olhar apaixonado

olhas-me bonita
no teu sorriso
piscas-me um olho
e ris com os dois
inclinas teu rosto
que se alinha com meu ombro
meu peito pula
meu olhar corre para ti.
controlo-me
para não te abraçar
sinto-te em meus braços
de peito encostado
num só bater
de coração apaixonado.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

perde-se a lucidez

perde-se a lucidez quando só vemos o nosso umbigo. perde-se a lucidez quando procuramos a nossa culpa em todos os acontecimentos da vida. perde-se a lucidez quando procuramos nos outros as responsabilidades para as nossas culpas. perde-se a lucidez quando julgamos que a nossa dor nos faz bem e as nossas lágrimas nos tornam mais lindos. perde-se a lucidez quando achamos que os outros são a plateia e nós os actores de uma cena  de infelicidade intensamente dramática. perde-se a lucidez quando nos repetimos em raciocínios circulares e nos ocupamos em pensamentos labirinticos aos quais perdemos o norte. perde-se a lucidez quando não sentimos para além do nosso corpo. perde-se a lucidez quando as memórias só servem para atormentar. perde-se a lucidez quando dimensionamos o futuro à medida da nossa dor.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

aqui

aqui de onte estou
nossa cadeira
balança para o mundo
agita-o
serena-o
embala-me.

aqui de onde estou
nosso jardim
vejo nuvens escuras
definem-se
na linha do horizonte
fica lindo.

aqui de onde estou
numa aldeia
ouço
chocalho de vaca
que se afasta
com a voz do dono...
fica nostalgico

aqui de onde estou
tenho amores
diferentes
completam-se
enchem-me
fazem-me feliz.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Carta ao Pai Natal

Querido Pai Natal
Este ano vou pedir
Uma prendinha
Muito especial.

Não é preciso embrulhar,
É só dar:

Todos os dias da vida,
mesmo quando amuados,
zangados,
ou apenas desencontrados,
um beijo de despedida
e um beijo à chegada.

Um beijo que lembra
que eu sou "a tal",
que tu és "o tal",
é o que eu peço
de prenda de Natal.


(escrito em 09.12.2003)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

amor....

doçura....
vem do ar que respiras
do toque 
com que nos agracias,
da tua meiguice.

belo...
vem dos teus olhos
verdes,
expressivos
falam antes de ti.

feliz...
é o que sinto
ao pé de ti
vem-me de dentro
impelido por ti.

graça...
define-te,
sai-te dos poros
e repousa em nós 
como uma benção.

amor...
nasceu de ti
cresceu por ti
vive de ti
sou teu.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

pequenas coisas

pequenas coisas
fazem a vida
cheia, plena
confortavelmente amena
contigo,
só porque fomos os dois
pequenas coisas.

fomos parceiros
num sorriso
numa loucura
num sonho
adiado
concretizado
de pequenas coisas.

rimos, assim
divertidos
juntos
fizemos vida
fizemos amor
felizes...
de pequenas coisas.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

vem comigo

agastas-te, na vida
que recusaste,
vive-la...
teu olhar revela
a angústia
da obrigação
de a viver.

cansas-te
de estar nela
sofres nela
agustias-te nela
ocupas-te nela.
não vês o mar
não sentes a brisa
não cheiras a maresia
não te guias
pela curiosidade ingénua
de um olhar sem ver.

vives
em rotinas de actos
circulos de ideias
escondes-te nas nuvens,
na tuas nuvens,
ficas cega para o sol
que te sorri
e te convida
para o calor do verão
para a luz da primavera
onde as borboletas
saltam de flor em flor
e as cigarras te cantam
trovas de amor.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ser pai

Há coisas indescritíveis. Ter um filho é uma dessas coisas. Não é tanto uma questão de arte, mas de palavras e de semântica que exprima aquele misto de orgulho e felicidade intrínseca que se espelha em tudo o que vemos, sentimos, ouvimos e fazemos. É uma felicidade louca de boa que nos faz sentir o direito de fazer seja o que for para garantir amor e felicidade àquele bebé. Ser (sentir) pai é esta loucura apaixonada onde a nossa felicidade está no que fazemos para garantir o sorriso do filho. Esta descrição de um sentir quase neurótico é, porventura, a maior aproximação do sentir pai e que terá garantido a sobrevivência da espécie.

Engana-se quem pensa que isto só acontece com os bebés. Estes crescem e os pais sentem o mesmo. É como se uma parte do seu corpo crescesse autónoma. Não, não é bem isso, porque o amor, o cuidado e a nossa necessidade dessa parte (autónoma) é muito superior ao que de mais importante o nosso corpo tiver. É uma importância à parte que não se discute, somente é a nossa razão de viver.

Assim descrito ser pai parece um castigo. Porém, é a felicidade.

Ser pai é olhar para o filho, ver o futuro e sentir orgulho no amor que temos. Ser filho é olhar para o futuro onde o pai é sempre o passado.

Brindemos: "à nossa"

Um brinde. Tilintam os copos ao som melódico do "à nossa" sobre o fundo de um pôr-do-sol, real, pelo calor que se sente e pela luminosidade rasante que resplandece os líquidos das nossas taças e que pronuncia as formas dos nossos corpos. O teu rosto ganha um fascínio algo enigmático onde as sombras, nos diversos matizes, ganham um papel importante na leitura que faço das tuas expressões.

Levamos o copo à boca sincronizados numa vigia de quem deseja, acima de tudo, estar no ritmo, como se de uma dança se tratasse. Dou um gole grande que engulo devagar, refrescando-me, fecho os olhos prolongando o momento...

Perscruto-te no teu pensar, no teu sentir, na tua linguagem corporal que não se revela, indago o teu olhar que não se deixa prender no meu. Falamos sobre coisas mundanas evitando tomar partido, cingimo-nos a factos e não expomos as nossas interpretações. Falo sereno, dou-te tempo mantenho uma pose de braços afastados informando-te, secretamente, da minha disponibilidade para ser continente, seja qual for o conteúdo.

Vejo-te alinhada na perfeição da cabeça aos pés. Estes assentam no chão com aprumo, mantendo-te um bom apoio, apesar de estarmos sentados. Tua maquilhagem é perfeita, discreta e tudo está no sítio. Teu corpo, hirto, solta palavras e liberta sorrisos parecendo utilizar somente os músculos da face. Impressionante, nem a cabeça desalinha. Teus joelhos belos, compõem-se formosamente, repousando.

As tuas mãos movem-se em círculos e elipses, acariciam o copo, o tampo da mesa e acariciam-se uma à outra; não param. Desejo tocar-lhes explorar seu toque, indagar sobre a tua pele. Tento o toque casual - acidente - mas as tuas mãos coordenam-se na perfeição e não querem perturbar o espaço que vou ocupando em direcção a ti, ao alargar a minha pose. Falas, sorrio, mas não te ouço; sigo as tuas mãos.

Apanhei a tua mão direita com a minha esquerda. Consentiste, a resistência foi só inicial. Olhei-te nos olhos, vejo-os perfeitos, lindos, profundamente doces e quentes, não têm o gelo que esperava encontrar. Teu corpo agora é um arco para a direita. Tua cabeça agora inclinada e voltada para baixo revela outras linhas do teu rosto; recorte de queixo e implantação das orelhas; impõe que o teu olhar agora esteja erguido para mim. Meu corpo reage interiormente e tu sente-lo pelo meu toque.

Tua mão relaxa, e foge-me da garganta um pensamento: - "que linda ficaste". Ruboresceste de leve, desviaste o olhar por uma fracção de segundo e logo voltou mais brilhante. Continuamos falando de assuntos mundanos mas agora com emoção e sentimento. A conversa ganhou um outro sentido. A tua mímica alterou-se. Deixas uma mão repousando em mim e com a outra, enquanto falas, vais acariciando o teu rosto, tua orelha, teu pescoço insinuando-me como são belos e pulsantes. O teu peito agora tem movimentos respiratórios amplos e sinto o pulsar do teu coração nas tuas carótidas.

Arrisco aproximar-me de ti, sentando-me a teu lado. Escolho o direito para que nossas mãos atravessem nossos colos. Ajeitas-te no sofá para eu caber. Fascina-me a coreografia dos teus joelhos cruzando-se e as carícias que lhes dedicas com a tua mão esquerda.

O teu perfume é agora um odor doce e quente de um corpo que pulsa e que comunica, inclinando-se de leve para o meu. A tua expressão seduz-me e a luz rasante do pôr-do-sol dão-te uma luminosidade que indescritivelmente te adoça a expressão. A tua gargalhada... ouço-a, agora, mais doce.

Termino o gole e abro os olhos, ainda sinto o fresco a bebida correr-me pala garganta abaixo. Percebi que estive ausente, esboço-te um sorriso exteriorizando o prazer que senti com a tua companhia, sonhada. Entendes algo de diferente no meu sorriso mas não compreendes o quê. Continuamos conversando.

(escrito em 05.08.2011)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

acho que..

acho que gostas de mim
acho que não me esqueces
acho que te preencho todos os espaços
acho que te ocupo todos os sentidos
acho que me desejas sem fim
instalei-me no teu coração
onde repouso sem sossego
num palpitar doce
tecendo meu amor por ti

pensamento 1

amor é o que sinto por ti e me explode no peito, por me crescer no coração.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

assim me entrego a ti

tu és o poema da minha vida,
o teu olhar a poesia que me inspira
e a tua aura é o sopro de paixão
que me emociona de felicidade.
assim me entrego a ti.

1º encontro

Encontro
Pressinto teu odor
enfeitiçando-me
devagar.
Sussurro-te
ao ouvido
o sentir
que me ateias.
Aconchego-te
em meu regaço
saboreando
cada momento.

domingo, 31 de julho de 2011

felicidade

hoje fui personagem de um quadro apreciado por alguém. acontece-nos todos os dias mas nem sempre de forma tão consciente para o observador que se sente impelido a comentar com os ditos personagens a felicidade que acabou de sentir por presenciar aquele quadro.

lição de sabedoria encontrei naquela simplicidade. a felicidade sente-a quem está desperto para a receber. não se procura como se de um objecto se tratasse, não se conquista como um território, sente-se, só isso, sente-se e só a sente quem tem disponibilidade (tempo, espaço e desejo) para a sentir.

Obrigado Tia Lena

terça-feira, 26 de julho de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

paixão

paixão
apaixonei-me
vezes sem conta.
pronunciei teu nome
alegrou-me
a imagem do teu sorriso
em várias matizes
e distantes lugares
que não conheço.

apaixonei-me
no sonho
do teu nome,
no calor
do teu carinho
e no beijo
que te adivinho
quente e húmido...
de paixão.

apaixonei-me,
assim,
cores sem fim,
de uma paleta
desconhecida para mim,
arranjadas numa tela
em várias composições
num único quadro.

apaixonei-me,
paixão,
consomes-me
e alimentas-me,
dás-me sentido
e desorientas-me,
dóis-me
e curas-me,
fazes-me mal
e fazes-me bem
contraditórios
que não entendo
minha forma de paixão.

momento

acredita...
estás cheia de mais
para me conter
não sei onde cai
o que transborda...
amote.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

pensamento n-1

o meu problema de momento, é conter-me por não encontrar uma forma de te desvendar a minha paixão e tornar-te feliz, alheada de todo o resto, focada no meu olhar.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

porque te amo?

porque te amo?
sonho de uma vida desejada
feito mulher
de olhar caído em mim
que não mereço
mas quero muito.

porque te amo?
sentimento puro
destilado do amor
que me perfumas
de odores
que se entranham
em mim,
no meu viver.

porque te amo?
brilho límpido
da minha existência
que me guia
pela paixão
dia a dia
numa terna
forma de estar.

porque te amo?
mais e mais hoje
num crescendo infinito
que me explode o peito
ao lembrar-te,
algures,
concentrada,
num ponto do teu dia.

porque te amo?
tanto, tanto
que transformas meu dia
numa longa espera
para o nosso reencontro
onde a demora
dói profundamente
como castigo
injusto.

porque te amo?
ardentemente
e te leio sedução
no olhar doce,
no sorriso,
na meigice
da tua mão.

porque te amo
sou feliz
no teu contentamento
e deixo meu pensamento
descrever-te,
minha paixão.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

tenho um mundo para ti. vive-o quando puderes

reconheço-te cansada.
compreendo-te a razão,
acompanham-te os motivos,
esgota-se-te a força.
reduzes ao mínimo a tua existência,
mergulhas na dor,
perdes os sentidos,
agarras-te aos afectos,
procuras os sentimentos
mas evitas ouvir a palavra.
vejo-te assim.

queria mudar-te o mundo
o que eu não faria...
gostaria entrar em ti
chegar lá bem fundo
e curar tua dor.
gostaria de empurrar-te
para voares a cima dos teus males.
não consigo ir além do magoar-te
é a minha falta de jeito.

ficarei quedo,
imaginando mundos bonitos
onde nós temos um lugar
de mãos dadas,
rostos colados,
olhares encontrados em nós,
sorrisos confiantes
e abençoados pelos ausentes
que se aproximam
para nos sorrirem
porque assim os fazemos felizes.

quero ser sábio
para te mostrar estes mundos
pelo o meu olhar
pelo meu toque
pela minha presença
e secretamente lembrar-te
que quem muito te ama,
esteja onde estiver,
fica feliz pelo teu sorriso.

terça-feira, 12 de julho de 2011

o nosso olhar

hoje amamo-nos,
sentimo-nos profundamente
íntimos,
apaixonados,
fundidos num sentimento único
de enlevo,
admiração,
agradecimento
e de paixão
por aquele momento
nosso de fio a pavio.

acalmamos
curtindo cada momento
que tornamos nosso
como nosso é o toque da nossa pele,
sente-se
vive-se
e fica nosso
dilatando o nosso amor
alargando o nosso prazer
até à queda num sono de anjo.

assim nos criámos
um pouco mais
fortalecidos num olhar
que não pode ser de mais ninguém.

em diferido

expus-te a minha alma
hoje
falei-te de mim em diferido
porque não é fácil
escancarar-te o peito
decifrar-te os pensamentos
que tormentosamente
alinho
numa barricada
para defender a minha versão.

explodiria
se não o fizesse
já não cabia em mim esta necessidade
de partilhar
de ser teu
no menor detalhe,
de mostrar-te meu oculto.

sem segredos
vês-me a alma
os amores
as amarguras
e os rancores
que guardo
como preciosidades de uma vida.

assim acaba uma parte
do meu privado
que só aconteceu
porque tu existes
meu paradoxo de comunhão,
meu amor
a ti devo o prazer de respirar.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

amote

amote muito,
tanto que nem sei dizer quanto
e o muito
é muito pequeno.
amote hoje, amanhã e sempre
sem nunca acabar,
sem fim.
É um amor sem tempo nem tamanho
é isso que o faz maior,
à tua imagem.
amote.

sábado, 2 de julho de 2011

pensamento n-2

hoje tornei-me cão. lobo, será mais adequado, pelo primário do sentimento, como que incrustado nos genes, que se manifesta em cada movimento respiratório e em cada batimento cardíaco. já não rosno, ataco e cada sentido está atento para a melhor forma de desferir o golpe. uma fera, assim me defino.

pensamento n-3

gostaria de, ao deitar-me, sentir-me bem por tudo o que fiz nesse dia. seria feliz, seria bom, seria perfeito.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

amote.

amote muito
tou com cheio de sono
e só me apetece repousar no teu regaço
apreciando o teu quentinho
embalado pelo som do bater do teu coração.
se tiveres aí um espacinho
guarda-o para mim
porque é para lá que caminho, 
assim o sinto, assim o entendo.
isto é esquisito
mas amote muito
e o resto é acessório
para descrever a falta que me fazes
e a graça da tua presença.
amote.

terça-feira, 28 de junho de 2011

estou reconstruir-te intenção e quando o faço mudo-me, altero-me, melhoro-me? não sei.

domingo, 26 de junho de 2011

gosto de ti vida minha e naquilo em que me fizeste. perdi-me e encontrei-me, guiaram-me... aqui estou para te viver. salta comigo, dança comigo e olha-me nos olhos na briga e no amor. vamos?! porque esperas?

sábado, 11 de junho de 2011

o nosso brinde

hoje brindaremos a ti grande amigo
sabemos que gostarias de estar aqui
sabemos que esse é o teu maior desejo
por isso te brindamos
e te desejamos uma vida feliz
cheia do que mais gostas
carinho e amigos
a ti, à tua...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

hoje... resistindo à penumbra das memórias

hoje vou aproximar-me mais um pouco da morte,
sorrindo para alguém que precisa sentir alegria...
não sei se ficarei mais sábio mas ficarei diferente... até aos ossos.
que longa a nostalgia da interminável despedida
há sempre mais um toque
há sempre mais um sorriso
há sempre mais uma fala
há sempre mais um olhar
e assim materializamos o nosso estar
resistindo à penumbra das memórias.

terça-feira, 31 de maio de 2011

se eu pudesse...

chegaste, olhaste-me e foste embora. nada mais.
deixaste-me desassossegado, amargurado por causa do teu partir. o resto fez-me bem; guardei a tua aparição e o teu olhar e acomodei-os na minha colecção de coisas boas que tão minuciosamente guardo e cuido.
o teu partir é que não suporto porque já não sei como te ter, como te preservar. deixaste-me sem uma zanga maltrapilha. pura e simplesmente foste. de quando em vez anuncias-te para que não me esqueça que existes que fomos grandes companheiros, inseparáveis talvez. o talvez faz-me agora todo o sentido porque nos afastámos e continuas-me alheia, tão alheia que já quase não consigo voltar a imaginar-me contigo.
fazes-me falta, vontade, força da minha vida.
se eu pudesse tu serias o meu único desejo.

sina

amote, linda
cor da minha esperança
querote, morno
aconchego da minha alma
desejote, ternura
gesto que terminas em mim
conforto da minha vida
precisote, olhar
brilho colorido deste dia
serei teu, regaço
fonte do meu existir

amote, linda
querote, aconcehego morno
desejote, ternura
precisote, olhar
serei teu
porque é este o meu viver

Ai, que dia

murchou o dia
que nasceu reluzente
nem está frio
nem está quente
está enevoado
tem um ar de enjoado
este dia
quem diria
que este tempo se faria
sem sabor
sem luz, brillho e calor
um dia
sem nascente
nem ocaso
um dia sem valor
que se arrasta
em cada momento
que passa
que não deixa memória
é uma dia sem história
como muitos outros
dias da minha vida
que se adia
dia-a-dia...
sem parar

segunda-feira, 16 de maio de 2011

vou-me embora

Ai que alívio seria se agora pudesse simplesmente desaparecer, esfumar-me sem rasto como se nunca tivesse existido. O cansaço dá isto e a vida também cansa. Desaparecer é sem dúvida a forma mais agradável de viver o cansaço de ter uma vida que não se vive mas simplesmente sobrevive.

Depois vamos ficando realistas e desaparecer não é opção disponível, pelo menos da forma desejada, assim: pum! já está!

Sobreviver ou...

Vou-me embora que não gosto disto que me está acontecer....

quarta-feira, 4 de maio de 2011

pensamento

A minha vida deambula entre paixão e depressão, sem dialética, repisando-se insistentemente nos mesmos factos e erros que deixam como rasto as letras que escrevo para alinhar ideias, sentimentos e emoções que germinam estes textos.

"Afunda-se o barco que navega sem rumo".

segunda-feira, 2 de maio de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

hoje não ecrevo
não vou deprimir-me
não vou queixar-me
arrastar-me-ei por aí
tentando ser homem
aliviando a minha ansiedade
porra para mim
que já fiz
e não queria

quinta-feira, 21 de abril de 2011

não me conheço

Preciso de energia. Daquela que nos move, fazendo-nos mexer, movimentar na procura de projectos e de acções que nos realizam.
É triste quando o interesse se manifesta mas a energia falta. Frustração é o termo certo para exprimir o meu sentir.  Quanto ao meu viver, define-se pela frustração sem energia, corroído pela ansiedade.
Acredito que um dia vou explodir de energia comprimida como uma mola, impelido para a minha tese e o meu estudo. Esta crença dá-me vida mas demonstra-me a minha falta de autonomia.
Ter autonomia implica ter capacidade para mobilização interna (intrínseca) que não nos faça constantemente aguardar sinais exteriores de obrigação.
Perdi esta capacidade, ou melhor, tornei-me incapacitado nesta área.
Por isso mesmo me odeio, mas nem assim me sinto mais enérgico.
Energia precisa-se. Atitude falta-me.
Quem sou eu?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tenho um segredo para ti

Sabes flor? Tenho um segredo para ti. Estás bonita.

O vento abanou-te, despenteou-te a pétalas e as gotas da chuva pareciam que te quebravam, mas encaraste-as como gotículas de orvalho e alindaste-te nelas. Flor, que linda ficaste.

Tens uma aura de vida que pulula em ti e que te revigora quando o temporal se aproxima. Ficas única no jardim e todos os olhares caem em ti procurando o teu brilho, a tua arte. Flor, que linda és.

Pintar-te-ia se soubesse como. Descrever-te-ia se isso me fosse possível. Só consigo o mais fácil, AMAR-TE com as maiores letras do mundo e mais não sei fazer. Flor, tenho outro segredo para ti. Serás sempre linda.

Segredos do tempo

O tempo é sereno. Passa-me dormindo, despreocupado e atordoado numa ingenuidade quase feliz.

O tempo passa-me serenamente ao redor. Envolve-me em imagens esbatidas, sons distantes, odores ausentes e memórias frágeis que não consigo articular num todo e que não apreendo. Não faz mal, segreda-me o tempo ao ouvido.

Anuo num olhar consentido, cúmplice duma sedução que não entendo. Sorrio por que sou cúmplice seduzido de algo que consinto e não percebo. Estranho. Não faz mal, aconchega-me o tempo novamente.

A vida é fácil assim. Só importa o realmente importante que chega de uma forma afável envolvida num tempo que parece parado, contemplando-me. Que bom ter tudo e todos em redor, aguardando, enquanto o meu olhar se movimenta preguiçosamente entre o sono e a vigília, sem quebras de luz.

Como vos amo, penso com um sorriso calmo e vago que me infantiliza a expressão. O essencial deste tempo é o amor que tenho por vós. Dedico-vos este olhar preguiçoso com um sorriso agradecido pela  felicidade de estarem nas minhas memórias difusas mas lindas que este tempo agora parado fixou para mim.

Sonho convosco no meu coração e agora tenho preguiça, murmuro. Não faz mal, sussurra-me o tempo, eu parei para ti.

(escrito em 2011.04.20)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

TU

Admiro-te pela tua coragem para os momentos difíceis.
Admiro-te pela tua força para agarrares o necessário.
Admiro-te pela lucidez com que olhas o drama.
Fascina-me o carinho que distribuis aos órfãos.
É esse o segredo do teu amor:
Corajoso, forte, lúcido e ternamente carinhoso.
Obrigado por existires meu amor.
Obrigado por olhares para mim.
Amote.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Vida Minha, Minha Vida

Vida minha hoje li-te e realinhei-te nos pormenores. Gostei do percurso e do modo como te foste ordenando no meio dos acontecimentos. Revelaste-te e revelaste-me digna do nome. Minha Vida.

Soas-me a um piano só mas de som cheio e melodioso que tanto nos aconchega nas pregas dos seus acordes como nos desperta para o colorido pululante das notas ou ainda grave e forte faz notar a sua presença com severidade musical de significado profundo. Aprendi ou quero aprender a ouvir-te e a escutar-te.

Obrigado por me teres deixado ler-te e pelo orgulho que me dás por teres partilhado comigo em cada momento uma forma possível de viver. Sem rancores nem euforias senti que realinhei afectos, emoções e sentimentos. Sem rancores nem euforias gostei do que vi e gosto de ti.

Minha Vida fizeste-me bem, tornaste-me melhor pessoa. Obrigado.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A nossa gramática

Na tua ausência
sinto o calor da tua pele
porque anseio tocar-te.
Sinto o brilho dos teus olhos
porque desejo cruzar-me com eles.
Sinto o perfume do teu corpo,
porque sonho cheirar-te.
Sinto o húmido dos teus lábios
porque fantasio beijar-te.

Na tua ausência,
apaixono-me por ti
porque estando longe, estás comigo.
Envolves-me
numa atmosfera de sentidos
fervente de sentimentos
desesperados
arrebatadores
explosivos
abrasadores
indescritíveis por natureza.
Que paleta de amores.

Na tua presença
delicio-me matando a saudade.
Escaldo-me na tua pele
perco-me nos teus olhos
afundo-me no teu corpo
cubro-te de beijos
expludo de paixão
e amote,
tudo junto pela gramática
que só nós sabemos.

Ao longe apaixono-me por ti.
Ao perto amote.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Minha Primavera

Cheira-me a flores. Ar de aromas agradáveis minuciosamente perfumados por gestos de mão divina naturalmente serena, persistente e radiante.

É assim que me chega o cheiro a flores. Invade-me e agrada-me sem pedir licença, usa-me as memórias para se colorir e levantar-me os cantos do lábios que o tempo e as circunstâncias fizerem cair.

Entranha-se-me nos poros, gera calafrios de paixão e taquicardias que me obriga a pular para  acompanhar os movimentos do coração que de tão inebriado quer partir para algures, descobrindo o recôndito.

Inquieto, impaciente divago até ti perfumada de ar e de floridas essências, fundido numa intimidade indecifrável, absorto no que hoje terei contigo.

Assim te amo, sempre.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cá estou para falar contigo

Cá estou eu mais uma vez para falar contigo intimidade sem fundo, como o poço. Recebes, não respondes, não repetes, ficas muda e queda.

Também desta vez o motivo da escrita não é nada bom. Meu amigo vai morrer. Desistiu para vida entregando-se aos mimos dos ganhos secundários de estar doente. Isso também mata. Surpreende-me a dignidade que se esforça por manter de modo hercúleo. Nada de ambulâncias, nada de pijamas nas deslocações ao hospital. Vestido e de carro como sempre fez para sair de casa. Trata-se de  mais uma saída de casa, de um passeio ou de uma ida ao tribunal (que sempre gostou), e é com esta indiferença que trata a doença e a morte. Não se veste para elas. Resistência passiva....

É a 2ª vez que sinto a morte em alguém aproximando-se com uma assertividade inabalável. Da primeira vez não me saí muito bem, ignorei o que adivinhava e sabia. Desisti e senti que assim já não valia a pena.
Desta vez está a custar-me desistir mas quando insisto magoo. Magoo alguém de quem gosto e nada fica melhor.

Desistir e baixar os braços dói mas às vezes é a única forma de ajudar o nosso amigo. Deixar a vida acontecer e fazer parte do dia-a-dia é a melhor ajuda que se pode dar, pela serenidade que se pode propiciar. Ao fim e ao cabo também é isso que eu quero de ti...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

o meu jardim

novo ciclo. a vida está a chegar. as amendoeiras estão cheias de flor. os pessegueiros seguem-lhe as pisadas bem de perto. as outras árvores preparam os rebentos. nas rasteiras, os malmequeres florescem uns de amarelo, outros de lilás. são lindos. a alfazema não tem flor mas já ganhou um ar novo, limpo. até as daninhas se preparam para integrar este jardim, alindando-se e pavoneando-se em exuberância escondendo-nos que mais tarde irão definir e ditar o seu espaço.
o sol brilha e o ar fresco torna o ambiente morno. a sombra não faz falta.
os pássaros cantam ao longe, mesmo assim bem mais perto que as betoneiras ou tractores que ouço distantes. bucólico, não sei lá muito bem o que isso é, mas é bonito. até o som do aspirador da mulher a dias e o som de torcer da máquina de lavar ficam bem neste quadro. falta referi-me ao ladrar parco dos cães e ao som da lixadeira desgastando o metal que vem lá do cimo do monte.
o relógio canta a 5 horas.
os putos do jardim de infância não cantam mas fazem um coro melodicamente afinado e que, eventualmente, por uma razão genética, sejam em que lugar do mundo estiverem e sejam quais forem os elementos constituintes, soa sempre  mesma melodia.
sossego é isto mesmo, bem diferente da ausência de ruído. sossego é a possibilidade de identificarmos os diferentes sons colocados harmoniosamente no espaço como um pulsar da vida no sentido mais biológico e ecológico dos termos.
amo este fim de tarde revigorante. distinto e diferente das porcarias em que me envolvi até à pouco. devem ter tido um efeito catártico porque  agora estou no céu.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

... sereno, sê sereno...

Nos momentos de crise, as pessoas revelam-se surpreendentemente desagradáveis. Mostram o seu lado nefasto: egoísta, egocêntrico e caprichoso. Lê-se no olhar um carinhoso "cuida de mim" e um amargo de inveja "estou doente", ou será o contrário, o acre pânico "vou morrer?"  O fel da morte.

Nós perdemos a admiração pela pessoa e não nos importamos que morra. Melhor, sabemos que morrendo agora teremos admiração pela sua vida. Daqui a pouco esgotaremos a réstia de consideração que merece. Mais adiante não aguentaremos mais; o que significa "morre depressa".

Meu sogro pena-me. Sinto-lhe o fim que não desejo, mas sei que caminha para a morte. Escolheu, é este o termo correcto, escolheu a demência para enfrentar o momento. Ignorar a morte, centrar-se na dor e escravizar a atenção de todos é a estratégia que vive. Escolheu a demência como opção de vida.

Escravizou a mulher como o mesmo direito autoridade de um senhor feudal. Tornando-se-lhe filho controla-lhe a vontade. O inverso disto tudo também é verdadeiro e embora eu não o saiba descrever, mas acontece.

Eu acho, melhor, sinto que devo fazer alguma coisa. De algum modo acredito que estar consciente lhe prolongará a qualidade de viver, mas não sei como fazer e quando tento magoo. A impotência para ajudar é um sentimento devastador.

Há momentos em que ajudamos pela serenidade; no meio do pânico um olhar e um respirar sereno é o melhor apoio que se pode obter. Acalma, relaxa, serena....

Espero que isto seja verdade.


(iniciado no final de Janeiro e concluído em 22.02.2011)

Olá.

Hoje vou morrer. É simples. É mais ou menos como desligar um electrodoméstico qualquer, só que mais fácil. Não preciso carregar em nenhum botão. Morre-se e pronto. Está-se morto. E agora, perguntamos? E agora nada  - é a resposta. Está-se morto e pronto: não há nada a perguntar, não há nada a fazer, não há nada com que preocupar é um sossego indescritível, não há palavras para o descrever. Deve ser por isso que lhe chamam sossego de morte.

Podemos deslocar-nos, pairando, vislumbrando outras existências sem pressa, sem sentimentos, sem intenção com os e fossemos um folha sustentada na brisa do vento que passa.

É uma inexistência transportada pelo acaso, sem sentidos e sem sentido e se o tiver não o descortino.

Estou morto e já tinha morrido algumas vezes, embora não desse conta.

Não há homem da gadanha para nos importunar com a sua negrura, nem a ordem silenciosa para o seguirmos. Gostaria de ver esse personagem porque sempre tive muita curiosidade por lhe olhar cara a cara e saber se aquela sombra escura alberga um rosto enrugado e carcomido, uma caveira ou a ausência.
Acho que o autor da garatuja não sabia o que desenhar e pimba, pintou-o de preto, negro de desconhecido, de morte e de medo. Teve engenho ou sorte porque assustou gerações de vivos e aguçou a curiosidade de mortos. Quanto aos mortos, não se pode falar de gerações porque não se reproduzem, só inexistem.

Encontro vários que estão mortos sem que o saibam. Morreram aos poucos e não deram conta. Foi o que me aconteceu a mim. Distinguem-se pelo olhar, pelo pensamento e pela fome de vida que desconhecem. Vivem no limbo das recordações e não passam de almas errantes levadas pela brisa para lugares de nada e coisa nenhuma que não existem. A rotina é a réstia de vida que lhes chega das recordações. Vegetam. Não sabem mas estão mortos.

A morte é alívio, é paz e pode ser tão sedutora que até assusta. Leva-nos a um ponto de não retorno e apaixonamo-nos. Quem diria que nos podíamos apaixonar pela morte? Leva-me contigo, transporta-me no teu colo. Estou pronto! Olá.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Há dias...

Há dias que entristecem por mais que linda que seja sua luz, por mais belo que seja o canto dos passarinhos, por mais admirável que seja o sorriso das flores e por mais aconchegante que seja o morno ameno dos raios de sol.

Há dias que custam tanto a passar. Arrastam-se em nós de um modo entediante, enjoativo até, e ostensivamente meneiam-se só para nos mostrar que têm o direito a existir com o mesmo espírito e expressão de insinuante desafio de uma perrice de criança.

Há dias frouxos, sem história e sem nada para contar. Apresentam-se como emplastro atormentando-nos com o seu direito à presença.

Há dias que não deviam existir. Hoje é um desses dias.

Gostaria de saber construir dias, dar-lhe cor, som e voz. Gostaria imenso de me enamorar deles, cortejá-los, ser cúmplice do seu acontecer, acarinhá-los e senti-los na sua essência de intimidade que nos faz supor vivos e agradecidos por mais um dia.

Lembro-me disso, de ter essa arte, como algo distante e longínquo que já nem merece ser lembrado. Já foi! Perdi qualquer coisa e não sei bem o quê mas faz-me falta.
... perdi a vida ...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cansa-me...

Cansa-me morrer devagarinho. Dói-me o que passou, magoa-me o que há-de vir e mata-me o que sinto agora. Define-se a agonia.

É um nó que não se desata, cegamente apertado em si próprio, tão apertado que fica num minúsculo grão, caso a vida, ainda que metaforicamente, fosse um fio.

Já não me lembro de estar bem, sorrir para a vida de braços abertos, convidando-a a chegar-se e aconchegar-se e mostrar-lhe o meu desejo de conviver com ela.

Já não a quero ver porque vem de negro, cheirar porque tem odor a morte, degustar porque sabe a fénico. "Vai-te embora, não te aproximes", grito íntimo comigo mesmo, deixa-me em paz e que um raio me parta bem depressa.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um momento...

A morte gosta de sentar-se na margem da vida, apreciando-a enquanto passa, como se fosse um rio. Mantém, a morte, a vida, mirando as manifestações que esta lhe proporciona. Que vê a morte no rio, de tão singular que justifique essa admiração e esse arrebatamento pela vida? Ninguém sabe, nem ela. Não costuma pensar nisso. Tudo indica que o movimento só por si atrai a atenção, tal como a corrente de um rio. Se corre calmo, relaxa. Se jorra em torrente, tem força e pode assustar. Mas o som do rio, esse é que arrebata, tem água, tem ar e tem o som da vida orgânica. É isto que fascina a morte. Quando a vida não corre a morte enfastia-se e vai-se embora deixando-a para trás.
A vida, sem sentido, extingue-se a si mesma abandonada pela morte.
Pode morrer-se todos os dias com a morte bem longe e de costas voltadas.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Vida minha

Vida minha, já não quero agarrar-te... quero viver-te com a fluência (des)regulada com que aconteces.
Vida minha, já não te peço nada porque me angustias na espera de ver passar o desejo e me obrigas a alterar as preferências.
Vida minha, já não te exijo mais nada porque me cobras nas consequências que plantas como estacas no meu caminho.
Vida minha, já não quero agarrar-te porque me abanas e sacodes, arrastando-me para destinos que só tu conheces e nem sempre me desvendas.
Vida minha, já não quero sonhar-te porque me adormeces para ti.
Vida minha, também já não quero amar-te porque vandalizarás o meu amor só para me mostrares que és única e sem amarras,
Vida minha, já não te possuo porque não intimas comigo os teus segredos e sentimentos mais profundos.
Vida minha, vive-te a ti mesmo, passeia-te pela minha existência e seremos cordiais quando nos encontrarmos.
Vida minha, quero-te bem.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vou andando por aí

Vou andando, por aí,
de mão dada comigo mesmo.
Sinto o desconforto do meu toque,
incomoda-me o olhar dos outros.
Também não sou grande conversador.
A conversa segue o meu caminho,
círculos, em percursos pré definidos.
Assim não se conversa,
reza-se, monotonamente,
uma rosário interminável.

Deus, esse, ouve-nos.
Acho que gosta de uma boa conversa
ritmada pelo rosário,
metrónomo das orações e dos pedidos.
Pode-se conversar-se,
sem pensar
ou pensar noutra coisa.

Continuo a não gostar
de conversar comigo.
A minha mão na minha
incomoda-me cada vez mais.
"Já experimentaste rezar?
e dar a mão a Deus?"

Vou andando por aí...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

FUGIU-ME O DESEJO

Descobri que já não consigo desejar. Houve tempos que, na mudança de ano, me recusava a desejar fosse o que fosse; queria ser diferente, eram "pimpineiras" em que não acreditava e porque foram vários os desejas não concretizados.
Este ano foi diferente, mesmo diferente. Não consegui desejar porque dava muito trabalho, não sabia o quê e não interessava... . "Não interessava..." é aquilo a que não estou habituado, é uma atitude de vida que desconheço e que, talvez por isso, me assusta.
Fugiu-me a paixão pela vida: amava-a ou odeiava-a, não interessa; mas lutava para a manter igual ou para a mudar. Ser exigente e intransigente e quase sempre exagerado nas convicções fazia parte da minha forma de estar.
Agora não. Não quero ir para lado nenhum e não quero estar aqui, não me perguntem nada, não me peçam nada que não quero fazer nada e não gosto de não fazer nada. É assim que existo..., uma existência errante e aleatória que me seca devagarinho mas como uma eficácia despudoradamente desinteressante.
Minha alma secou e o desejo pela vida abandonou-me. Morri. Acho que é assim que se morre.
QUE MAL ME SINTO COM ESTA CONCLUSÃO
Já não interessa .............