quarta-feira, 27 de abril de 2011

hoje não ecrevo
não vou deprimir-me
não vou queixar-me
arrastar-me-ei por aí
tentando ser homem
aliviando a minha ansiedade
porra para mim
que já fiz
e não queria

quinta-feira, 21 de abril de 2011

não me conheço

Preciso de energia. Daquela que nos move, fazendo-nos mexer, movimentar na procura de projectos e de acções que nos realizam.
É triste quando o interesse se manifesta mas a energia falta. Frustração é o termo certo para exprimir o meu sentir.  Quanto ao meu viver, define-se pela frustração sem energia, corroído pela ansiedade.
Acredito que um dia vou explodir de energia comprimida como uma mola, impelido para a minha tese e o meu estudo. Esta crença dá-me vida mas demonstra-me a minha falta de autonomia.
Ter autonomia implica ter capacidade para mobilização interna (intrínseca) que não nos faça constantemente aguardar sinais exteriores de obrigação.
Perdi esta capacidade, ou melhor, tornei-me incapacitado nesta área.
Por isso mesmo me odeio, mas nem assim me sinto mais enérgico.
Energia precisa-se. Atitude falta-me.
Quem sou eu?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Tenho um segredo para ti

Sabes flor? Tenho um segredo para ti. Estás bonita.

O vento abanou-te, despenteou-te a pétalas e as gotas da chuva pareciam que te quebravam, mas encaraste-as como gotículas de orvalho e alindaste-te nelas. Flor, que linda ficaste.

Tens uma aura de vida que pulula em ti e que te revigora quando o temporal se aproxima. Ficas única no jardim e todos os olhares caem em ti procurando o teu brilho, a tua arte. Flor, que linda és.

Pintar-te-ia se soubesse como. Descrever-te-ia se isso me fosse possível. Só consigo o mais fácil, AMAR-TE com as maiores letras do mundo e mais não sei fazer. Flor, tenho outro segredo para ti. Serás sempre linda.

Segredos do tempo

O tempo é sereno. Passa-me dormindo, despreocupado e atordoado numa ingenuidade quase feliz.

O tempo passa-me serenamente ao redor. Envolve-me em imagens esbatidas, sons distantes, odores ausentes e memórias frágeis que não consigo articular num todo e que não apreendo. Não faz mal, segreda-me o tempo ao ouvido.

Anuo num olhar consentido, cúmplice duma sedução que não entendo. Sorrio por que sou cúmplice seduzido de algo que consinto e não percebo. Estranho. Não faz mal, aconchega-me o tempo novamente.

A vida é fácil assim. Só importa o realmente importante que chega de uma forma afável envolvida num tempo que parece parado, contemplando-me. Que bom ter tudo e todos em redor, aguardando, enquanto o meu olhar se movimenta preguiçosamente entre o sono e a vigília, sem quebras de luz.

Como vos amo, penso com um sorriso calmo e vago que me infantiliza a expressão. O essencial deste tempo é o amor que tenho por vós. Dedico-vos este olhar preguiçoso com um sorriso agradecido pela  felicidade de estarem nas minhas memórias difusas mas lindas que este tempo agora parado fixou para mim.

Sonho convosco no meu coração e agora tenho preguiça, murmuro. Não faz mal, sussurra-me o tempo, eu parei para ti.

(escrito em 2011.04.20)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

TU

Admiro-te pela tua coragem para os momentos difíceis.
Admiro-te pela tua força para agarrares o necessário.
Admiro-te pela lucidez com que olhas o drama.
Fascina-me o carinho que distribuis aos órfãos.
É esse o segredo do teu amor:
Corajoso, forte, lúcido e ternamente carinhoso.
Obrigado por existires meu amor.
Obrigado por olhares para mim.
Amote.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Vida Minha, Minha Vida

Vida minha hoje li-te e realinhei-te nos pormenores. Gostei do percurso e do modo como te foste ordenando no meio dos acontecimentos. Revelaste-te e revelaste-me digna do nome. Minha Vida.

Soas-me a um piano só mas de som cheio e melodioso que tanto nos aconchega nas pregas dos seus acordes como nos desperta para o colorido pululante das notas ou ainda grave e forte faz notar a sua presença com severidade musical de significado profundo. Aprendi ou quero aprender a ouvir-te e a escutar-te.

Obrigado por me teres deixado ler-te e pelo orgulho que me dás por teres partilhado comigo em cada momento uma forma possível de viver. Sem rancores nem euforias senti que realinhei afectos, emoções e sentimentos. Sem rancores nem euforias gostei do que vi e gosto de ti.

Minha Vida fizeste-me bem, tornaste-me melhor pessoa. Obrigado.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A nossa gramática

Na tua ausência
sinto o calor da tua pele
porque anseio tocar-te.
Sinto o brilho dos teus olhos
porque desejo cruzar-me com eles.
Sinto o perfume do teu corpo,
porque sonho cheirar-te.
Sinto o húmido dos teus lábios
porque fantasio beijar-te.

Na tua ausência,
apaixono-me por ti
porque estando longe, estás comigo.
Envolves-me
numa atmosfera de sentidos
fervente de sentimentos
desesperados
arrebatadores
explosivos
abrasadores
indescritíveis por natureza.
Que paleta de amores.

Na tua presença
delicio-me matando a saudade.
Escaldo-me na tua pele
perco-me nos teus olhos
afundo-me no teu corpo
cubro-te de beijos
expludo de paixão
e amote,
tudo junto pela gramática
que só nós sabemos.

Ao longe apaixono-me por ti.
Ao perto amote.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Minha Primavera

Cheira-me a flores. Ar de aromas agradáveis minuciosamente perfumados por gestos de mão divina naturalmente serena, persistente e radiante.

É assim que me chega o cheiro a flores. Invade-me e agrada-me sem pedir licença, usa-me as memórias para se colorir e levantar-me os cantos do lábios que o tempo e as circunstâncias fizerem cair.

Entranha-se-me nos poros, gera calafrios de paixão e taquicardias que me obriga a pular para  acompanhar os movimentos do coração que de tão inebriado quer partir para algures, descobrindo o recôndito.

Inquieto, impaciente divago até ti perfumada de ar e de floridas essências, fundido numa intimidade indecifrável, absorto no que hoje terei contigo.

Assim te amo, sempre.