vejo minha imagem projetada
na vidraça reconheço em mim
as mãos de meu avô em forma
algo em gesto mais forte que o ADN
senti uma força, a herança de meu nome,
tudo sobre a forma de fantasma
sábado, 31 de janeiro de 2015
intemporal
há um certo egocentrismo no entendimento
do tempo que chega ou que passa
pior ainda no tempo que se agarra "— o meu tempo..."
de facto não se pára nem se muda no tempo.
como gosto das férias sem relógio, dos dias não contados...
é incontável este gosto, este prazer intemporal de ser no tempo
do tempo que chega ou que passa
pior ainda no tempo que se agarra "— o meu tempo..."
de facto não se pára nem se muda no tempo.
como gosto das férias sem relógio, dos dias não contados...
é incontável este gosto, este prazer intemporal de ser no tempo
rendido
conforta-me
a luz que vem de ti
empalidece-me
quedo vulto fraco
nem a sombra teço
aninho-me de alma
em ti me aconchego
e adormeço
a luz que vem de ti
empalidece-me
quedo vulto fraco
nem a sombra teço
aninho-me de alma
em ti me aconchego
e adormeço
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
sábado, 24 de janeiro de 2015
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
até onde a consciência permite o perdão de deus
é costume a benevolência sucumbir à piedade
nunca a culpa resolveu um só problema
culpado carrega o cheiro da vingança
a este fenómeno chamamos expiação e penitência
a luz do dia não chega para iluminar a noite
o luar resulta da projeção de luz refletida
a realidade é física e humana: formas diversas de projetar e refletir
é costume a benevolência sucumbir à piedade
nunca a culpa resolveu um só problema
culpado carrega o cheiro da vingança
a este fenómeno chamamos expiação e penitência
a luz do dia não chega para iluminar a noite
o luar resulta da projeção de luz refletida
a realidade é física e humana: formas diversas de projetar e refletir
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
inércia
entre
o fora e o dentro
algures
o lumiar ou o permeio
em ponto linha volteio
de
fora para dentro
movimento
o sentido desejado
o indefinido receio
o fora e o dentro
algures
o lumiar ou o permeio
em ponto linha volteio
de
fora para dentro
movimento
o sentido desejado
o indefinido receio
sábado, 17 de janeiro de 2015
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
domingo, 11 de janeiro de 2015
sobre mistérios: o da escrita
há um certo mistério na escrita
em toda a escrita
que é o mistério da criação
como de todas as criações.
desde o despontar do tema
até ao brotar da palavra
e ao emergir da sintaxe
a construção da mensagem
em forma e sentidos:
emoções e sentimentos:
profundidade.
arrebata-nos este mistério criador
que não é caminho
embora o possa traçar
nem é corrente
é fonte de nascente
que um outro mistério
talvez chamado destino
encaminha em cursos
que se encontram com outros
e se cruzam que é um forma de choque
se misturam e dissolvem
numa composição única — universal.
quer seja visível quer não
faz parte desse universo num determinado momento
tal como o sabor da água do mar
se influencia pelo elemento em menor quantidade
ainda que os nossos sentidos não o detetem.
esse é o mistério da escrita
a nota de sabor
que o autor sente na criação.
em toda a escrita
que é o mistério da criação
como de todas as criações.
desde o despontar do tema
até ao brotar da palavra
e ao emergir da sintaxe
a construção da mensagem
em forma e sentidos:
emoções e sentimentos:
profundidade.
arrebata-nos este mistério criador
que não é caminho
embora o possa traçar
nem é corrente
é fonte de nascente
que um outro mistério
talvez chamado destino
encaminha em cursos
que se encontram com outros
e se cruzam que é um forma de choque
se misturam e dissolvem
numa composição única — universal.
quer seja visível quer não
faz parte desse universo num determinado momento
tal como o sabor da água do mar
se influencia pelo elemento em menor quantidade
ainda que os nossos sentidos não o detetem.
esse é o mistério da escrita
a nota de sabor
que o autor sente na criação.
sábado, 10 de janeiro de 2015
cartas de amor
as melhores cartas de amor que te dediquei
nunca as escrevi, nunca as escreverei
se o fizesse, seriam palavras tolas
nunca sentiriam o que nessas cartas eu contei
as que vais lendo quando te olho em silêncio
nunca as escrevi, nunca as escreverei
se o fizesse, seriam palavras tolas
nunca sentiriam o que nessas cartas eu contei
as que vais lendo quando te olho em silêncio
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
divagações
i
interponho-me ao tempo
sinto-o
ii
faço-me estaca e impeço-o de passar
iludo-me
iii
o voo de ave ignora o tempo
surpreende-me
iv
jamais o tempo se fará estacar
aclaro-me
v
viaja-se nele
que é de passar
vi
ainda espetado ensaio voar
interponho-me ao tempo
sinto-o
ii
faço-me estaca e impeço-o de passar
iludo-me
iii
o voo de ave ignora o tempo
surpreende-me
iv
jamais o tempo se fará estacar
aclaro-me
v
viaja-se nele
que é de passar
vi
ainda espetado ensaio voar
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
terça-feira, 6 de janeiro de 2015
tu estás aqui
abrigas-te na sombra deste candeeiro
o sol do dia nos dói na pele e na alma
da noite precisamos para nos olharmos
de olhares abrigados
tu estás aqui
entraste no laivo de sol
espremido pela fenda da portada
aguardas-me cúmplice
nós que do dia queremos a noite
escutamos-lhe os passos
e o sussurro sibilante de que se faz o silêncio
tu estás aqui
ensaias um voo negro entre as nuvens cravadas no teto
um bolor antigo que o canto encerra e o escuro alimenta
tu que não partes
eu que te deixo ficar
abrigas-te na sombra deste candeeiro
o sol do dia nos dói na pele e na alma
da noite precisamos para nos olharmos
de olhares abrigados
tu estás aqui
entraste no laivo de sol
espremido pela fenda da portada
aguardas-me cúmplice
nós que do dia queremos a noite
escutamos-lhe os passos
e o sussurro sibilante de que se faz o silêncio
tu estás aqui
ensaias um voo negro entre as nuvens cravadas no teto
um bolor antigo que o canto encerra e o escuro alimenta
tu que não partes
eu que te deixo ficar
sábado, 3 de janeiro de 2015
ubíquo
nada sei do sol que me aquece o colo
chega e nem sei se parte
sinto que me aquece
e que vem por bem
e aquele outro que vejo partir, desaparecendo
longe além do monte
parecendo irmão deste, sinto que é este.
a ubiquidade só pode ser sentida
ainda antes do saber.
chega e nem sei se parte
sinto que me aquece
e que vem por bem
e aquele outro que vejo partir, desaparecendo
longe além do monte
parecendo irmão deste, sinto que é este.
a ubiquidade só pode ser sentida
ainda antes do saber.
a água
solta entre as pedras
ou sobre elas
sejam de mar ou de rio
ou até as do caminho,
passando
envolvendo
circulando lento ou parando
até correndo
e sempre entranhando
assim é a vida — a água.
já as pedras
são a quebra e a edificação
angulosas ou roladas
coloridas radiosas
sempre moldáveis
de belo efeito
no chão ou em queda no lago
acordam-nos para a vida
cristalina, fluida
consistente
e — a água — solta.
solta entre as pedras
ou sobre elas
sejam de mar ou de rio
ou até as do caminho,
passando
envolvendo
circulando lento ou parando
até correndo
e sempre entranhando
assim é a vida — a água.
já as pedras
são a quebra e a edificação
angulosas ou roladas
coloridas radiosas
sempre moldáveis
de belo efeito
no chão ou em queda no lago
acordam-nos para a vida
cristalina, fluida
consistente
e — a água — solta.
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