terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

um cimbalino

o restolho das vozes é
um murmúrio indecifrado de gente em seus círculos.

pires e chávenas e copos, também em redondo,
gritam se os amontoam e
calam-se às pancadas de molière anunciando
o ronco da máquina: a bica de onde brota um café
expresso, bem tirado, servido a bandeja circular
na curva de um movimento de braço em
corpo bulindo a passo bailarino.
acompanha o sorriso, arredonda lábios, de um e outro lado:
um serve outro toma. agradecidos, ambos.

a colher atravessa o creme e circula na forma da chávena
o pires aprecia, e aguarda, a colherinha de espuma
o café liberta perfeito a hélice do aroma.

o sol encurva os raios e ilumina a fragrância
doura o ar e
solta o vigor da consistência de existir.

o miúdo circula arrastando o olhar
entre mesas e cadeiras
e aprende os passos do bailado
a melodia do aroma
o ritual que um café tem
a razão porque é um cimbalino.

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