segunda-feira, 9 de outubro de 2017

alguém terá a verdadeira noção de
quantos dias tem o ano?
meu dia, hoje, teve muitos dias
tantos que me esqueci de os contar
ou me perdi, perco-me sempre
na contabilidade dos dias
talvez porque sopro para o ar
na intenção de assobiar sopro as horas
voam como aviões de papel
longas e soltas, pousando aqui
e ali onde as cores chilreiam
desafiando a física do movimento
testando a química da emoção
e eu que não sei assobiar
que também não sei contar voos
esqueço-me
esqueço-me dos quantos vão
esqueço-me de mudar de dia
esqueço-me que não sei assobiar
e sopro
sopro e murmuro os dias todos de hoje
também os de amanhã, os de ontem, os de sempre
citá-os-ia como ladainha se
disso ocorresse necessidade
recordo-os como os vivo
indispensáveis, revigorantes como um banho
e imerso suponho-me onde as cores tagarelam
onde os pássaros doiram horas coloridas
que gracejam como aviões de papel felizes
alguém terá, realmente, a noção de quantos dias tem o ano?
e da insignificância dessa conta?
dessa impossibilidade insolente?

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