segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A MORTE

A morte tem-me tocado. Aparece difusa e sombriamente assinala a sua presença. Só para que eu não me esqueça. Terror, sinto eu, pensando que devo preparar-me para ela... nas várias facetas que pode tomar.

Um dia vai levar-me alguém ... . Ficará a vaga recordação de um retalho da minha vida.

Pode anunciar-se a um amigo. Imagino transplantes como contributo meu para manter a minha vida linda sorridente, acarinhada pelo olhar e pelo sorriso de cada um deles.

Pode levar-me alguém de quem sempre planeei não perder, pela lógica da ordem natural - biológica. Entro em pânico e só consigo imaginar um sistema de troca. Acabo por ser sempre eu a morrer. Ver um filho morto é a pior forma de morrer; penso, sinto e dói-me...

Pode chegar à minha metade; direita, pela indispensabilidade. A outra metade não vai saber sobreviver, será o caos... ou o vazio, não consigo decidir... nem vale a pena porque o desânimo já cá está.

Concluo, sentindo que o toque da morte no ombro - é assim que o vejo - pode ser o melhor dos cenários, embora me veja no "além" apreciando o dia-a-dia de cada um. O que me chateia mesmo é não poder comunicar com eles. Se o fizesse estaria a assombrar-lhes a vida.

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