sábado, 7 de abril de 2012

destino

A mesa apara a revista que repousa desgastada pelo esforço de transar de mão em mão. Pobre revista. Pena dos efeitos de desapego geral de um público que a toma movido pelo desinteresse maior de nada mais interessante haver para fazer. Só as cores dos títulos lhe valem porque berram pela atenção dos transeuntes que logo se entregam ao desinteresse estado e projetam a revista para a mesa, deixando as duas, mesa e revista, numa composição plástica aleatória que uma mente rigidamente organizada chamaria, sem sombra de dúvidas, mesa desarrumada. É assim que uma mesa fica implicada nesta abnegação generalizada, apesar de cumprir com esmero a função que faz parte do seu ADN: aparar, suportar objetos.

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