segunda-feira, 10 de novembro de 2014

de abril

lembro-me
ainda era 25 de abril inacabado
e havia quem queria o 24

lembro-me
que o 25 de abril foi dia grande
e houve quem nunca saiu dele

lembro-me
que o 25 de abril teve um cravo
era um gesto de paz, encarnado

lembro-me
do 25 de abril esquecido
e havia um cravo apagado

lembro-me
que houve mais dias de abril
e de outros meses e anos

lembro-me
do desânimo do 24 de abril
fatalmente igual ao de hoje

lembro-me
em abril nasceu o gesto que nos uniu
poema, pelo cravo se fez da arma o vaso

recordarei
o intriguista bafiento, o que assanha
povo contra povo e assim governa

sinto desprezo
tenho pena, muita pena

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