domingo, 14 de dezembro de 2014

nevoeiro

entendo agora o nevoeiro
nascido nos montes
esse cinzento húmido frio de fraga
nasce da terra em penedos
bolas de fumaça feitas
para se entranharem nos corpos
até aos ossos
como antes se entranharam na terra

as gentes dessas paragens
lêem o tempo pelo vento e pelo sol
contam-no pela lua
sabem tudo dos nevoeiros
as palavras, semeiam-nas esparsas
como as fragas
e no frio do corpo albergam o coração
são como o sorriso, justo e duro
como o olhar endurecido ao tempo

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