terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

à noite

à noite
que nunca cavalga
aborda como o nevoeiro, se adensa
se desvanece entre as sílabas
de um verso

à noite
que abraça
terna, de mulher
angústia, de viúva
aperto, de saudade

à noite
que passa lenta
sem fim,  re-lenta

cubro-me com a noite
nela me aconchego, sonho
e oro-lhe meus segredos.
os esquecidos, a noite relembra-mos
e embala-os em histórias entoadas
de jamais adormecer

fizemo-nos amantes, indomados
quisemo-nos indomáveis

perdoamo-nos, antes
que o dia nos separe

ambos nos furtamos ao dia
para a noite é toque de partida
para mim é sinal do marasmo
fruto pendurado da árvore
aguardando

desígnio de homem
que não consegue ir além
de fruto pendurado em árvore

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