embebeda-me este andar por dentro
perscrutando o sentir daqueles
que por mim passam escancarados
ignorando o que mostram pelos olhos
que são montras que escondem da vista de outrem
ignorando que seus andrajos propalam como arautos
mistérios que ainda desconhecem
ignorando que no caminho espalham confissões
que seus passos se derreiam das tristezas e pulam alegria
embebeda-me a história que revelam
e como o fazem: momentâneo sôfrego
há tanto a contar num lapso de tempo
embebeda-me este cruzar de silhuetas que tudo diz
e nada ouve. uma surdez em estado de alma
toda garganta e nada ouvidos
sente-se o que está dentro bem muralhado
de fora protegidos
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