terça-feira, 23 de junho de 2015

meu nascimento

sábado
4:00 da manhã e mais um pouco
ainda não nasci
crio-me no útero da noite
escrevo para distender o pensamento
exercito-me
mergulhado em recordações amnióticas
que me suspendem e alimentam
respiro
o ar vem-me da noite com umbilical desígnio
reteso-me numa ideia
procuro palavras que se distendam
quero exercitar-me para o nascimento
descreverei uma parábola
mortal encarpado à frente
projetar-me-ei até que a paisagem me receba
então será dia
a noite expulsa-me
o útero contrai-me os movimentos
pare-me um espécie de neurose noturna
e entrega-me dia fora

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