fala-me de amor
esse murmúrio
conjuga-o com fogo e diz-me
ainda é dia?
pressinto
ainda há olhar
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
i
sobre o casario estira-se a sombra
cobre o volume de cada coisa
há um modo embriagado de tomar o tempo,
aos tragos, sentindo-o no corpo
há o esvoaçar dos pássaros, libertador,
trespassa a sombra a golpes de asa e eleva-se
ao casario
em cujo ventre os dias habitam miudezas
ii
as cidades são de um respirar ofegante
correm pela pressa de chegar
geram o burburinho da partida que preenche e
apazigua os ruídos do próprio corpo
encobre a internalidade do dia, desodoriza
e o ar corre inodoro sensabor
impaciente, a cidade estende-se
devorando o tempo, imune aos esvoaços
e ao quebrantar da sombra
interpretando a criatura que a zelará
sobre o casario estira-se a sombra
cobre o volume de cada coisa
há um modo embriagado de tomar o tempo,
aos tragos, sentindo-o no corpo
há o esvoaçar dos pássaros, libertador,
trespassa a sombra a golpes de asa e eleva-se
ao casario
em cujo ventre os dias habitam miudezas
ii
as cidades são de um respirar ofegante
correm pela pressa de chegar
geram o burburinho da partida que preenche e
apazigua os ruídos do próprio corpo
encobre a internalidade do dia, desodoriza
e o ar corre inodoro sensabor
impaciente, a cidade estende-se
devorando o tempo, imune aos esvoaços
e ao quebrantar da sombra
interpretando a criatura que a zelará
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
da tormenta à boa esperança
lançar o poema do avesso
ferrar o hálito da sede
fitar a pupila do vazio
dobrar o abismo da saudade
afundar na profundez do céu
ferrar o hálito da sede
fitar a pupila do vazio
dobrar o abismo da saudade
afundar na profundez do céu
terça-feira, 14 de novembro de 2017
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
poder-se-ia colher a tarde e
como um fruto maduro, saboreá-la
suculenta doce carnuda cheia e
sobretudo...
sobretudo olhá-la de dentro
pulsar nela
ser o pulsar dela e dela ser
pertencer-lhe
como do jardim são os seres vivos e
os bancos, esses seres ondulantes
que tomam os olhares e acolhem
corpos em despojamento
poder-se-ia colher a tarde
sobretudo
enquanto a brisa a sobrevoa e
perpassa o corpo
hum.... morno de regaço que embala
amamenta e, colhendo-se,
sobretudo
não se consome
afinal é disso que se fazem as tardes
sentidos e corpo envolto em brisa
abraços que as tardes têm
como um fruto maduro, saboreá-la
suculenta doce carnuda cheia e
sobretudo...
sobretudo olhá-la de dentro
pulsar nela
ser o pulsar dela e dela ser
pertencer-lhe
como do jardim são os seres vivos e
os bancos, esses seres ondulantes
que tomam os olhares e acolhem
corpos em despojamento
poder-se-ia colher a tarde
sobretudo
enquanto a brisa a sobrevoa e
perpassa o corpo
hum.... morno de regaço que embala
amamenta e, colhendo-se,
sobretudo
não se consome
afinal é disso que se fazem as tardes
sentidos e corpo envolto em brisa
abraços que as tardes têm
domingo, 22 de outubro de 2017
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
alguém terá a verdadeira noção de
quantos dias tem o ano?
meu dia, hoje, teve muitos dias
tantos que me esqueci de os contar
ou me perdi, perco-me sempre
na contabilidade dos dias
talvez porque sopro para o ar
na intenção de assobiar sopro as horas
voam como aviões de papel
longas e soltas, pousando aqui
e ali onde as cores chilreiam
desafiando a física do movimento
testando a química da emoção
e eu que não sei assobiar
que também não sei contar voos
esqueço-me
esqueço-me dos quantos vão
esqueço-me de mudar de dia
esqueço-me que não sei assobiar
e sopro
sopro e murmuro os dias todos de hoje
também os de amanhã, os de ontem, os de sempre
citá-os-ia como ladainha se
disso ocorresse necessidade
recordo-os como os vivo
indispensáveis, revigorantes como um banho
e imerso suponho-me onde as cores tagarelam
onde os pássaros doiram horas coloridas
que gracejam como aviões de papel felizes
alguém terá, realmente, a noção de quantos dias tem o ano?
e da insignificância dessa conta?
dessa impossibilidade insolente?
quantos dias tem o ano?
meu dia, hoje, teve muitos dias
tantos que me esqueci de os contar
ou me perdi, perco-me sempre
na contabilidade dos dias
talvez porque sopro para o ar
na intenção de assobiar sopro as horas
voam como aviões de papel
longas e soltas, pousando aqui
e ali onde as cores chilreiam
desafiando a física do movimento
testando a química da emoção
e eu que não sei assobiar
que também não sei contar voos
esqueço-me
esqueço-me dos quantos vão
esqueço-me de mudar de dia
esqueço-me que não sei assobiar
e sopro
sopro e murmuro os dias todos de hoje
também os de amanhã, os de ontem, os de sempre
citá-os-ia como ladainha se
disso ocorresse necessidade
recordo-os como os vivo
indispensáveis, revigorantes como um banho
e imerso suponho-me onde as cores tagarelam
onde os pássaros doiram horas coloridas
que gracejam como aviões de papel felizes
alguém terá, realmente, a noção de quantos dias tem o ano?
e da insignificância dessa conta?
dessa impossibilidade insolente?
terça-feira, 5 de setembro de 2017
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
esta manhã a luz sofre
um breve torpor rotativo e
sobre si mesma pensa
melhor, se debruça cogitando
sobre o dia que pretende alcançar
acontece que as sombras se avolumam
e crescem tanto que
se fundem com o universo:
este tingido de cinza
não abrilhanta
não fulmina:
a luz agora baça e fria é triste
esta manhã a luz aprendeu
algo que encomendou ao poeta
a posição fetal é para os fetos
um breve torpor rotativo e
sobre si mesma pensa
melhor, se debruça cogitando
sobre o dia que pretende alcançar
acontece que as sombras se avolumam
e crescem tanto que
se fundem com o universo:
este tingido de cinza
não abrilhanta
não fulmina:
a luz agora baça e fria é triste
esta manhã a luz aprendeu
algo que encomendou ao poeta
a posição fetal é para os fetos
segunda-feira, 17 de julho de 2017
irremediavelmente
aguardo
na invisibilidade a minha vez
não ouso. por nada me insinuo. temo
que não gostes de mim.
sol e coragem rimam até nos dias sombrios
na invisibilidade a minha vez
não ouso. por nada me insinuo. temo
que não gostes de mim.
sol e coragem rimam até nos dias sombrios
sexta-feira, 14 de julho de 2017
quarta-feira, 12 de julho de 2017
suburbanidade
a pintura que doira na camisola
está-lhe nos olhos guardada
às pinceladas: uma após outra
como os olhares que bota sobre todas as coisas
está-lhe nos olhos guardada
às pinceladas: uma após outra
como os olhares que bota sobre todas as coisas
sou um saltimbanco
nomado-me
insatisfaço-me
procuro quem me ouça
quem me olhe sem me ver
desejo quem me responda
quem me like
santimbanco-me
pela falta do sossego
de ser de estar
cintilo no espelho da água
intolero a vertigem da profundidade
claustrofobia-me achar-me em mim
saltimbanca-me
minha ambição de cintilar-me
nomado-me
insatisfaço-me
procuro quem me ouça
quem me olhe sem me ver
desejo quem me responda
quem me like
santimbanco-me
pela falta do sossego
de ser de estar
cintilo no espelho da água
intolero a vertigem da profundidade
claustrofobia-me achar-me em mim
saltimbanca-me
minha ambição de cintilar-me
quarta-feira, 31 de maio de 2017
terça-feira, 30 de maio de 2017
josé
no dorso da senhora passeio
minha aventura enxergando
onde me extinguirei, em seu seio
pressinto frio corpóreo
roça-me cinza marmóreo
o que me consome é medo
se nela me quedo em sossego
e adormecer
e se acordar eu me nego
minha aventura enxergando
onde me extinguirei, em seu seio
pressinto frio corpóreo
roça-me cinza marmóreo
o que me consome é medo
se nela me quedo em sossego
e adormecer
e se acordar eu me nego
domingo, 28 de maio de 2017
segunda-feira, 22 de maio de 2017
silêncio em 12 estações
i.
há um truque qualquer, topei-o
sumido como se fosse na areia.
era de um sólido quase palpável
até invisível. creio que
por isso o encontrei
ii.
contei a mim próprio
todo o movimento eu tinha
para o mar
ondas a secarem-se nas rochas,
quase transparentes,
a espuma, branca, é a dos dias
iii.
há sempre alguém que se senta vazio
para descansar de nadas cansativos
se aturde pelo inesperado
que o invulgar tem: quase ilógico
e pela consciência de ser quase
(um) engano da sua própria existência
há sempre alguém que torpedeia as banalidades
e nos desflora até ao olhar
sorte! é tropeçar inadvertidamente na cegueira
e despertar
iv.
emociono-me
com o que sinto, não há palavras
para dizer
v.
silêncio no olhar
germina a ideia
peregrina
silenciosa
vi.
a assimetria das linhas no rosto revelava
minúsculos desentendimentos básicos entre as faces
cada uma com seu modo de ver
vii.
olhei
um rosto de silêncios estampados
viii.
invernia
diariamente
a noite chega
mais cedo
mais tarde parte
mais tempo fica
mais tempo dura
ix.
teu nome
um regaço em concha
aberto par-em-par
vista ampla para o mar
x.
às palavras
soletrei-as para desnudar
traços das parte íntimas
impronunciáveis
agora que as sonho
brindamo-nos na intimidade
xi.
tocou-me
uma longueza penetrante
chegada de uma lonjura impossível
o olhar fito de uma criança
trazia a ingenuidade sem lugar para vergonha
xii.
tens suspiros no olhar
acomodam coisas de acontecer
simples como teimosias
de aparência intermitente
há um truque qualquer, topei-o
sumido como se fosse na areia.
era de um sólido quase palpável
até invisível. creio que
por isso o encontrei
ii.
contei a mim próprio
todo o movimento eu tinha
para o mar
ondas a secarem-se nas rochas,
quase transparentes,
a espuma, branca, é a dos dias
há sempre alguém que se senta vazio
para descansar de nadas cansativos
se aturde pelo inesperado
que o invulgar tem: quase ilógico
e pela consciência de ser quase
(um) engano da sua própria existência
há sempre alguém que torpedeia as banalidades
e nos desflora até ao olhar
sorte! é tropeçar inadvertidamente na cegueira
e despertar
iv.
emociono-me
com o que sinto, não há palavras
para dizer
v.
silêncio no olhar
germina a ideia
peregrina
silenciosa
vi.
a assimetria das linhas no rosto revelava
minúsculos desentendimentos básicos entre as faces
cada uma com seu modo de ver
vii.
olhei
um rosto de silêncios estampados
viii.
invernia
diariamente
a noite chega
mais cedo
mais tarde parte
mais tempo fica
mais tempo dura
ix.
teu nome
um regaço em concha
aberto par-em-par
vista ampla para o mar
x.
às palavras
soletrei-as para desnudar
traços das parte íntimas
impronunciáveis
agora que as sonho
brindamo-nos na intimidade
xi.
tocou-me
uma longueza penetrante
chegada de uma lonjura impossível
o olhar fito de uma criança
trazia a ingenuidade sem lugar para vergonha
xii.
tens suspiros no olhar
acomodam coisas de acontecer
simples como teimosias
de aparência intermitente
transbordância
minha mãe
falta-me a alegria dos teus olhos
a essência da tua pele
esse sabor a colo
o conforto que me chega
quando dizes: − filho
o agrado que me faz
de dentro
do início
antes do orgulho de ser
quando a felicidade é só
sentido puro
e amar é!
falta-me a alegria dos teus olhos
a essência da tua pele
esse sabor a colo
o conforto que me chega
quando dizes: − filho
o agrado que me faz
de dentro
do início
antes do orgulho de ser
quando a felicidade é só
sentido puro
e amar é!
quinta-feira, 18 de maio de 2017
édipo
minha mãe
falta-me a alegria dos teus olhos
a essência da tua pele
esse sabor a colo
o conforto que me chega
quando dizes: − filho
o agrado que me faz
de dentro
do início
antes do orgulho de ser
quando a felicidade é só
sentido puro
e amar é!
falta-me a alegria dos teus olhos
a essência da tua pele
esse sabor a colo
o conforto que me chega
quando dizes: − filho
o agrado que me faz
de dentro
do início
antes do orgulho de ser
quando a felicidade é só
sentido puro
e amar é!
terça-feira, 16 de maio de 2017
quarta-feira, 10 de maio de 2017
quinta-feira, 13 de abril de 2017
sexta-feira, 17 de março de 2017
ser azul
ser azul
tomar-se de várias cores, de azul
ser céu ou para lá rumar, em azul
estar inverso a inundar, de azul
e abarcar a terra, em azul
pintada da cor do mar, azul
e não caber, transbordar azul
de azul ser
tomar-se de várias cores, de azul
ser céu ou para lá rumar, em azul
estar inverso a inundar, de azul
e abarcar a terra, em azul
pintada da cor do mar, azul
e não caber, transbordar azul
de azul ser
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
pós-humanidade
houve tempo, os homens eram de pau
aparência seca, acastanhada, aqui
e ali uma greta na madeira fendida
flutuavam na água e no vento
sentiam-se primos das árvores
com ligação pueril à fauna
no peito suspiravam pelo pulsar universal
uns existiam no tempo do sol e das intempéries
outros especializavam-se, espantar as aves, por exemplo
alguns tomavam a vontade superior como sua,
diariamente, usavam cordões
e se moviam pela habilidade de mãos do criador
todos, mas todos mesmo, temiam o fogo que arde e queima
curtiam na boca o sabor a lenha
e adormeciam ao som do crepitar do inferno
hoje, nos tempos de hoje, os homens são
...
aparência seca, acastanhada, aqui
e ali uma greta na madeira fendida
flutuavam na água e no vento
sentiam-se primos das árvores
com ligação pueril à fauna
no peito suspiravam pelo pulsar universal
uns existiam no tempo do sol e das intempéries
outros especializavam-se, espantar as aves, por exemplo
alguns tomavam a vontade superior como sua,
diariamente, usavam cordões
e se moviam pela habilidade de mãos do criador
todos, mas todos mesmo, temiam o fogo que arde e queima
curtiam na boca o sabor a lenha
e adormeciam ao som do crepitar do inferno
hoje, nos tempos de hoje, os homens são
...
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