quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

fantasia

pariu-me um temporal
isso mesmo, fui parido
não deu tempo de nascer
fui largado no vento, tenebroso
vigoroso, o meu vagido
nem sequer foi ouvido
fiz um manguito ao demónio
mostrei figas aos anjos
batizaram-me de antónio
assim, tortuoso d'oliveira
podia ser pau, podia ser acha
mas não seria madeira
ditava a lei, é tudo o que sei
fui gota de água, lágrima de santo
por ser sagrada, era mais salgada
caí em manto que não quis molhar
recusei o meu estado
parti na luz do dia com a escuridão da noite
viajei com o rio, confessei o mar
expliquei à lua o que era o luar
falei-lhe do sol que não conhecia
nunca vira o dia
aquele que nasceu
e eu acordei do que sonhei
o que seria, não sei
talvez poesia
mas de certo, fantasia.

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