há poemas que são como casas
nelas há lugar para tudo
são lar que revisitamos
são moradas onde nos instalamos
murmurando aconchego
outros poemas são varandas soalheiras
como eiras
neles tudo é amplo
resplandece quente
outono verão semente
alguns poemas são quarto escuro
sem janela, talvez despensa
abafados de escuridão
arte em ar insalubre
desconforto dor e solidão
os poemas tipo quartos
soam a recolhimento intimidade
emolduram sorrisos lágrimas êxtases
aconchegam à noite
iluminam-se todas as manhãs
há poemas salas de jantar
repasto a ser declamado
aprecia-se à vista
degustam-no os sentidos
vigoroso, proclamente, recitado
o poema sala de estar, canto de ler
é intimista, desvenda-se
confessa-nos segredos nossos
sussurros movimentos silêncios
suaves doces profundos
há poemas de jardim
garridos, povoados de flores
aves, insetos, amores
sol, agitações ondulantes
têm bancos horizontes amantes
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