é que achei que te tinhas perdido
nas linhas mestras desse padrão
de vida
tecido de um fato, abotoado
botão a botão
com uma... e outra mão
que bem te assenta
tão competente
eleva-te a fronte
ergue-te o olhar
e o nariz que empina
frio olhar
ave de rapina
ave de rapina
secaram-te as mãos
os pés
os pés
agora de escamas
as unhas são garras
teu fato a plumagem
grasnas uns ismos
pareces perdido
não te perdeste
disseste
disseste
nada encontraste
nem dentro de ti
vazios não se perdem
nem se orientam
em linhas mestras
vazio
resta-te o entulho
o que não sentes
o que transportas
vejo-o eu
vemo-lo todos
excluindo tu
vazio até de olhares
vazio como o olhar teu
lembras-te da tua mãe
lembras-te como ela te amou
lembras-te dos sonhos
com que te embalou
penteou o cabelo
te beijou
nas idas para a escola
nas idas para a escola
no aconchego do lençol
recordas-te como tudo era cheio
cheio de sono
cheio de amor
cheio de esperança
cheio de carinho
cheio de tudo...
cheio que se esvaziou
cheio que se esvaziou
até ao nada
vazio do ser
vazio do ser
melhor, o não ser
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