sexta-feira, 15 de agosto de 2014

amor e amar

os pássaros, como os frutos, criam-se nas árvores — que sempre foram ninhos,
as árvores — e amadurecem.
ganham cor — os pássaros —, fazem-se coloridos e partem à descoberta.
do bico — dos pássaros — pende-lhes um simples ramo de árvore ou
um canto de ave ou,
ainda, a banalidade inteira de um roçar de bicos.
já os frutos, sem bicos nem asas, amadurecem belos e oferecem-se
aos pássaros, entregam-se às gentes e outros animais.
árvore é lar, cria e alimenta de si mesma quem quer que passe por ela.
como o amor — de mãe —, que tem árvore algures na sua complexão,

e que estas — as árvores — entendem tão bem...
expõem seus troncos à paixão dos jovens amantes que neles se declaram;
a forma é de um coração desenhado a gume de canivete.
elas — as árvores — sabem que é um ímpeto de pássaro apaixonado
e correspondem com um gesto de amor — de árvore —,
pulsando um coração que sendo o seu, nele se grava o nome dos enamorados
inconscientemente unidos por um mui discreto ato de amor,
que apesar de  visível, para o ver é preciso procurar.
eis porque árvores, frutos, pássaros e pessoas são preciosos
para que se entenda a complexidade do amor e de amar.

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