Há dias que entristecem por mais que linda que seja sua luz, por mais belo que seja o canto dos passarinhos, por mais admirável que seja o sorriso das flores e por mais aconchegante que seja o morno ameno dos raios de sol.
Há dias que custam tanto a passar. Arrastam-se em nós de um modo entediante, enjoativo até, e ostensivamente meneiam-se só para nos mostrar que têm o direito a existir com o mesmo espírito e expressão de insinuante desafio de uma perrice de criança.
Há dias frouxos, sem história e sem nada para contar. Apresentam-se como emplastro atormentando-nos com o seu direito à presença.
Há dias que não deviam existir. Hoje é um desses dias.
Gostaria de saber construir dias, dar-lhe cor, som e voz. Gostaria imenso de me enamorar deles, cortejá-los, ser cúmplice do seu acontecer, acarinhá-los e senti-los na sua essência de intimidade que nos faz supor vivos e agradecidos por mais um dia.
Lembro-me disso, de ter essa arte, como algo distante e longínquo que já nem merece ser lembrado. Já foi! Perdi qualquer coisa e não sei bem o quê mas faz-me falta.
... perdi a vida ...
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