terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

... sereno, sê sereno...

Nos momentos de crise, as pessoas revelam-se surpreendentemente desagradáveis. Mostram o seu lado nefasto: egoísta, egocêntrico e caprichoso. Lê-se no olhar um carinhoso "cuida de mim" e um amargo de inveja "estou doente", ou será o contrário, o acre pânico "vou morrer?"  O fel da morte.

Nós perdemos a admiração pela pessoa e não nos importamos que morra. Melhor, sabemos que morrendo agora teremos admiração pela sua vida. Daqui a pouco esgotaremos a réstia de consideração que merece. Mais adiante não aguentaremos mais; o que significa "morre depressa".

Meu sogro pena-me. Sinto-lhe o fim que não desejo, mas sei que caminha para a morte. Escolheu, é este o termo correcto, escolheu a demência para enfrentar o momento. Ignorar a morte, centrar-se na dor e escravizar a atenção de todos é a estratégia que vive. Escolheu a demência como opção de vida.

Escravizou a mulher como o mesmo direito autoridade de um senhor feudal. Tornando-se-lhe filho controla-lhe a vontade. O inverso disto tudo também é verdadeiro e embora eu não o saiba descrever, mas acontece.

Eu acho, melhor, sinto que devo fazer alguma coisa. De algum modo acredito que estar consciente lhe prolongará a qualidade de viver, mas não sei como fazer e quando tento magoo. A impotência para ajudar é um sentimento devastador.

Há momentos em que ajudamos pela serenidade; no meio do pânico um olhar e um respirar sereno é o melhor apoio que se pode obter. Acalma, relaxa, serena....

Espero que isto seja verdade.


(iniciado no final de Janeiro e concluído em 22.02.2011)

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