quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um momento...

A morte gosta de sentar-se na margem da vida, apreciando-a enquanto passa, como se fosse um rio. Mantém, a morte, a vida, mirando as manifestações que esta lhe proporciona. Que vê a morte no rio, de tão singular que justifique essa admiração e esse arrebatamento pela vida? Ninguém sabe, nem ela. Não costuma pensar nisso. Tudo indica que o movimento só por si atrai a atenção, tal como a corrente de um rio. Se corre calmo, relaxa. Se jorra em torrente, tem força e pode assustar. Mas o som do rio, esse é que arrebata, tem água, tem ar e tem o som da vida orgânica. É isto que fascina a morte. Quando a vida não corre a morte enfastia-se e vai-se embora deixando-a para trás.
A vida, sem sentido, extingue-se a si mesma abandonada pela morte.
Pode morrer-se todos os dias com a morte bem longe e de costas voltadas.

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