mar...
demoraste a acordar
tanta preguiça tu tinhas
em ondas te espreguiçavas
longas, lentas
bem esticadas
largo bocejo
murmurado
mar...
acariciavas a praia
banhavas as rochas
beijavas a amurada
deslizaste como pudeste
quiseste chegar-te a mim
quanta ternura senti
toda vinda de ti
mar...
ajoelhei-me
em equilíbrio
estiquei-me
quis dar-te a mão
com a mesma devoção
que minha mãe me ensinou
a de tocar na água benta
mar...
de ti me fiz benzido
da tua espuma quis-me ungido
trouxe-te comigo
no meu corpo, na alma
no meu ouvido
no sal das palavras
na memória...
mar...
ambos sabemos
um dia nos veremos
tu, num horizonte distante
eu, de olhos preguiçados
recordarei
tuas ondas de ternura
acho que sorrirei
mar...
se meu anjo da guarda
perguntar
porque sorrio
no que estou a pensar
não saberei que dizer
"nada"
terei que contar.
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