bateste à minha porta, maria
querias a minha mão para levar
sentias a solidão
de nada ter para agarrar
confessaste... rogaste...
abri-te a minha porta, maria
que nunca pude fechar
sempre estiveste em mim
de dentro do limiar, enquanto
eu esperava... tu passavas...
e como ousavas, maria
como os anjos sabem ousar
enquanto... eu... aguardava...
a solidão assolou-te
ferrou-te como um tormento
como lamento, maria
não ter partido contigo
corrido à volta dum mundo
maior que este quarto imundo
onde me amarguei, só
me curti e azedei
aguardando, paciente
teu arrependimento
bateste à minha porta, maria
só, triste e infeliz
e tudo o que eu nos quero, maria
é a felicidade petiz
leva-me todo na mão
ainda que me arrastes pelo chão
não quero aguardar-te em mágoa
quero ousar como tu
meu anjo de ousadia
minha doce maria
acre doçura de gente
maria da poesia
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