terça-feira, 12 de novembro de 2013

refugiado

vi a desgraça
pintada de negro
aguardando, pacientemente

vi a solidariedade
pintada de branco
atabalhoada, palrando

entre a dádiva e a necessidade
começou o abismo
onde se perdeu a dignidade
onde se plantaram justificações
estéreis como os problemas
havia sorrisos mas não houve flores

falou-se de desgraça frente aos desgraçados
ignorando-os
na passerelle das competências
desfilaram verborreias, inconsistentes
jardins sem flores
onde é negra a graça da desgraça
porque negra nasceu
e ninguém lhe falou
nada se lhe perguntou

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