vi a desgraça
pintada de negro
aguardando, pacientemente
vi a solidariedade
pintada de branco
atabalhoada, palrando
entre a dádiva e a necessidade
começou o abismo
onde se perdeu a dignidade
onde se plantaram justificações
estéreis como os problemas
havia sorrisos mas não houve flores
falou-se de desgraça frente aos desgraçados
ignorando-os
na passerelle das competências
desfilaram verborreias, inconsistentes
jardins sem flores
onde é negra a graça da desgraça
porque negra nasceu
e ninguém lhe falou
nada se lhe perguntou
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