sábado, 17 de agosto de 2013

minha casa vive rodeada do verde que as árvores pintaram
e as relvas espraiaram-se só para que os pássaros as passarinhem
e assim vai sendo entre o passado e o futuro: o vento chega
puxa as folhas às árvores, passa a mão nas cabeças das flores
e roja-se na relva: quer sentir o verde 
enquanto as aves bicam no chão, que é a sua forma de passear
e deixam-me apreciar, porque também me vêem de verde.
há um sino na torre da igreja que canta de meia em meia hora
é um tempo religioso, da criação, para poetizar o tempo real
que construímos árido e contundente como o cimento que modelamos
do qual às vezes não gostamos.
no tempo real, minha casa está cercada de um jardim
é feita de pedra e cimento por homens de máquinas medonhas
com que rasgaram a terra e o céu por ela.
no tempo poético, a natureza deu-me o direito a fazer meu ninho
e eu sou um pontinho negro, pairando entre o verde e o azul do vento.
o tempo poético é daquela meninice que há em nós
que fantasia, pula e sorri com o futuro nos olhos
que bom que é ser feliz.

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