sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

até ao avesso

desconforto-me sentado, procuro entender o que desentendo, escrevendo ou descrevendo o que me sopra: o pensamento. vejo-o, melhor, sinto-o como uma brisa que passa, toca sem mexer, o suficiente para entender e sossegar-me. agora apreende que o desconforto é um estado e, por o ser, se manterá neste modo consolidado de ser. 

percorro-me por interiores de corpo e de alma até aos avessos, esperando que só assim me desnude sem pudores. vejo a minha nudez, e por ela a minha invisibilidade que me revela menos material do que outrora supusera, quando ainda tinha o pensamento comigo. a verdade que desvendo, porque a verdade se desvenda com uma gradação  imensurável, é que um homem de avessos, nada esconde, exibe-se em toda a transparência e torna-se invisível como vidro de uma janela. o pensamento, sendo brisa, sopra leve colorido de um lado e de outro dessa mesma janela.

continuo sentadamente desconfortado: mas agora tenho uma ideia mosca cujo voo posso seguir em toda a sua geometria. darei formas ao tempo e relevo ao pensamento.

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