domingo, 26 de janeiro de 2014

convertido

não consigo amar mais
já não quero amar mais
esgotou-se o amor em mim
esgotou-se o amor para mim
já não sou deus
não faço o diabo do milagre
a m a r
já não sou lírico nem telúrico
nem colérico
nem apaixonado
nem sanguíneo nem irado
nem fleuma eu sou.
o sol é-me o que distingue a noite do dia
a poesia nunca deu de comer a ninguém
e alimentar almas não existe
amar é uma escolha
e o coração tem uma única função
trabalhar! e bem! ou serei cardíaco
e tu também
o poema é um desperdício de papel
e por isso a poesia é um atentado
ecológico, ideológico
esse pensar e escrever em outra via
isso existe? é fantasia!
daquela que enlouquece os povos
os pobres dos pensadores
que atendem mais à dores
do corpo, da alma, do coração
da sociedade, a que chamam a cidade
ou povo, semeando o pieguice
em nome da liberdade
da paz, da felicidade
da solidariedade?
tudo fantasia,
promiscuidade
poesia
e a dívida? quem a paga?
quem viveu acima de?...
fui eu? fui só eu?
trabalhemos ou morreremos de fome
que neste país
quem não trabalha não come
e quando não formos devedores
poderemos lamber nossas dores
escrever poemas esbanjar papel
e, quem sabe, seremos poetas
se ainda conseguirmos amar...

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