navego
de táxi atravesso este oceano
em tráfego tráfico tragédia
que o dinheiro vale -
os mercados - na nova roupagem
não há pessoas felizes
o radio anima-se a si próprio
a proa deste táxi segue o cinza
que não termina
que não acaba nunca.
uma criança à escotilha
numa barcaça ao lado
acena-me, desafiadora sorriu -
por trás da chupeta - até aos olhos
viu-me amigável
nas minhas sorumbáticas vestimentas
de zeloso servidor de mercados
zangado no cinza deste mar.
insosso um sorriso
mostro-lhe a palma da mão
aberta, quero dar-lhe um pouco de paz
que sinto não ter.
não podia frustrar quem olha as pessoas
como o essencial da humanidade.
a criança partiu
o táxi onde navego, segue
segue, parecendo encalhado
e prossigo silencioso
como meu aceno de paz ao futuro
...
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