sábado, 16 de fevereiro de 2013

imaculada

porque o dia nascera para a acolher
em braços, distendeu-se o sol,
assomavam-na os sorrisos luzentes do ar,
tocava-lhe o fresco de brisa
e pronunciavam-se olhares,
daqueles feitos para ela,
que a confortavam pela alma.

andarolava, 
sintonizada, num corpo
que se movia livremente, em uníssono,
a cada passo. os seios impulsionavam-na: 
um movimento para um infinito misterioso, mais à frente...
o roçar de entre-pernas, quente e saboroso,
logo refrescado pela brisa,
atestava porque ternura rima com frescura,
como o gostoso de um beijo carinhoso,
que um dia sentira
fresco, nascido dos lábios de um amante dedicado.

e os beijos...
(feitos de toques de vestido),
pousaram-lhe nos ombros
tocaram-lhe as ancas e afagaram-lhe o ventre.
e irradiaram-lhe das costas um calafrio, intenso,
que se lhe espalhou pelo corpo. mais uma vez
intenso.
naquela manhã tudo era intenso.

continuou, porque só podia continuar:
afiançava-lho a intuição, pedira-lho o dia
e confessaram-lho os olhares
(os ditos olhares).
andarolando, sem ver,
cegamente entregue à claridade, sua guia,
porque sem ver sentia cada partícula do dia
seduzida, enamorada que estava por tudo
quanto lhe tocava
naquela (talvez) manhã ensolarada.

precisava ser do mundo, da avenida
da praia, do café, da esplanada  
sentir e namorar a multidão, 
não podia dedicar-se a um
pulsava-lho o coração.

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