quarta-feira, 6 de março de 2013

perfeição

sempre fora comedida como uma menina deve ser.
sorria sem rir alto.
falava sem vociferar.
sabia ouvir e sabia falar, por ser preceito de menina sem defeito.
sentava direita, sempre direita mesmo a andar.
tinha cuidado com as pernas em cada passo e no sentar:
alinhadas, pouco abertas e de preferência encostadas.
usava decotes reduzidos os adereços comedidos.
o penteado era sóbrio, a maquilhagem reduzida evitando o pouco próprio.
só em idade mais avançada se dispunha a que fosse um pouco mais carregada.
perfumes florais ou frescos mas suaves, bem suaves e frugais.
seus olhares eram limpos, castos e ingénuos, porque quem mal não pensa mal não vê.
também eram curtos para não serem desvendados.
olhava os outros na testa para que não lhes decifrasse a alma ou o desejo que poderia ser pecaminoso.
ela nunca tivera um orgasmo nem lhe percebia a necessidade.

um dia decidira-se fazer tudo o que nunca fizera: e inverteu as regras.
ainda não percebe a necessidade do orgasmo, mas adora-o sem comiseração.

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