quinta-feira, 29 de maio de 2014

estados d'água

gota a gota pequenina
cresceste e correste até mim
enxurrada. assustas-me mais
que o escuro da noite
que te brotou
isolas-me
invades-me
pequenina como sempre
cavalgas tudo
das ondas que te fizeste

aprendi a amar-te
lembras-te que éramos companheiros?
todas as estações
eu de dentro aguardava-te
tu de fora divertias-te
no meio nosso, a janela
nela te projetavas, corrias e escorrias
mostravas-me o mundo ao contrário
nas gotas que eras tu
trocávamos segredos de amigos
secretos...
uma vez menti-te e tu descobriste
zangada, fizeste-te enxurrada
e com ela levaste-me a serenidade
de confiar incondicionalmente em ti
não percebeste que eu folgara
amigos, por vezes, enganam-se por diversão pura
assustaste-me
e continuaste minha amiga muito querida
intolerante a brincadeiras

hoje afloras o meu medo
não te sorrio
temo que me leves algo importante
temo-te, achando que já me perdoaste
mas chegas-me suja sem o cristalino
que teu brilho tem
corres barulhenta de folia ou de raiva?
não sei
tu corres e eu temo-te
sou eu quem não te perdoará

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