terça-feira, 20 de maio de 2014

romper do outono

escrever é a minha mudez
o meu de-mim-para-mim
o meu interior - reboliço
sou todo folhas de outono em vento outonal
rodopiam, levantam, rodopiam e caem
perto - sempre juntas - indiferentes
como uma mão ignora a outra
na certeza da presença - pertença mútua
minha alma e meu corpo pertencem-se - em mim
se ignoram.

minha alma emudeceu
eu também...

sempre outonos
laureio-me entre outonos
todas as cores me levam ao outono
nele rimo terra de pó com fruto
versejo vento com poente
concordo morno com sossego
e escrevo - emudeço - de-mim-para-mim

minha alma preguiça num outono
que de mim rompeu

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