sábado, 19 de abril de 2014

invernia

a morte vem
de onde não se conhece o nome
chega do indeterminado
ou do desconhecido
em silêncio enigmático
abeira-se
na lonjura da noite
na frescura do frio
no isolamento da solidão
no só do abandono
até ao medo hesitante do adeus definitivo

a morte é gregária
desperta fantasmas adormecidos
acorda memórias retorcidas em causas incompletas
espevita razões azedadas em ódios antigos
convive de mão dada com a rigidez
aproveita-se dos torpores do corpo
para mirrar a alma
que lhe cairá no colo
com a naturalidade de folha de outono
na geada fria de inverno

que a morte é glacial e frio o ato de morrer

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